A Usina de Itaipu entrou em uma fase decisiva de modernização do seu sistema de transmissão em corrente contínua (CC) que conecta a energia gerada na fronteira Brasil–Paraguai aos principais centros de consumo. O projeto, iniciado no começo de 2024, é liderado no Brasil por uma subsidiária da State Grid Corporation of China e tem conclusão prevista para 2026. A iniciativa sucede um incêndio na estação conversora de Foz do Iguaçu em 2023 e busca atualizar equipamentos e controles de um dos ativos elétricos mais estratégicos do país. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o pacote deve fortalecer a segurança do abastecimento e contribuir para reduzir o custo da eletricidade.
A modernização é descrita como a primeira grande reforma do sistema desde o início das operações de Itaipu — e o primeiro grande projeto internacional de retrofit em CC realizado pela State Grid. Do lado chinês, a gerente Guo Li afirma que o núcleo tecnológico e os equipamentos são desenvolvidos na China, concebidos para transformar a ligação em uma “rodovia elétrica” mais larga e inteligente. Em termos práticos, isso significa maior capacidade para transportar a energia de Itaipu com eficiência e estabilidade, reduzindo perdas e melhorando a resposta a picos de demanda.
Do lado brasileiro, o gerente Jean Marcell Okano destaca ganhos de regulação fina do sistema, algo crucial em uma matriz que adiciona fontes renováveis intermitentes. A equipe emprega digitalização tridimensional para criar um gêmeo digital da estação conversora, permitindo simulações e otimizações antes de cada etapa de montagem. A obra mobiliza mais de 50 profissionais chineses e mais de 200 brasileiros e incluiu adaptações operacionais para a realidade local — redesenho de circuitos de controle, cabos com codificação por cores e delimitação clara de zonas de acesso e responsabilidade.
Para o consumidor, o efeito mais visível tende a vir no médio prazo: uma transmissão mais estável abre espaço para integrar mais renováveis com menos risco de falhas, reduz custos operacionais da rede e, em tese, ajuda a atenuar pressões tarifárias. O ministro Alexandre Silveira avaliou que o projeto é um passo decisivo na modernização da infraestrutura energética do país — e interlocutores técnicos veem na parceria Brasil–China um modelo viável de cooperação entre países em desenvolvimento para acelerar a transição verde.
Em síntese, Itaipu segue como “coração” da energia limpa brasileira, e a atualização de seu eixo em corrente contínua funciona como uma cirurgia de alta complexidade: silenciosa para quem está em casa, mas vital para garantir que a energia chegue com qualidade e previsibilidade. A entrega do novo sistema até 2026 será um termômetro do ritmo de investimentos em transmissão — peça-chave para que o Brasil aproveite todo o potencial da sua geração renovável e mantenha a rede preparada para o próximo ciclo de crescimento.
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