Rua Estados Unidos, 367

contato@cbcde.org.br

Rui Costa lidera delegação na China para negociar adesão do Brasil à Nova Rota da Seda

O governo Lula (PT) está em fase final de negociações sobre a possível adesão do Brasil à Nova Rota da Seda, um projeto internacional de infraestrutura e comércio liderado pela China. A discussão visa preparar uma posição sólida para a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil em novembro. No entanto, o debate interno no governo revela precauções em relação à preservação da indústria brasileira.

Folha de S. Paulo informou que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, está à frente da delegação que embarcou para a China no último domingo (13). A missão de Costa é discutir os acordos e delinear pontos críticos de um eventual acerto com os chineses. Para o governo, a adesão à Nova Rota da Seda é vista como uma oportunidade de financiar obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e melhorar a competitividade da economia brasileira. A ex-presidente Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco dos BRICS, também tem sido uma importante defensora do acordo.

Xi Jinping visitará o Brasil após a cúpula do G20, marcada para novembro no Rio de Janeiro. Essa visita é vista como uma oportunidade estratégica para o Brasil fortalecer suas relações com a China, especialmente em um cenário de fragmentação política na América Latina. No entanto, a equipe econômica do governo quer garantir que o acordo proteja a indústria nacional e inclua contrapartidas, como transferência de tecnologia e mecanismos que incentivem o comércio de produtos de maior valor agregado.

Em agosto, durante um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o presidente Lula ressaltou que o Brasil não fechará os olhos às oportunidades oferecidas pela iniciativa chinesa, mas alertou que buscará acordos vantajosos para o país. “Nós vamos discutir. Nós não vamos fechar os olhos, não. Nós vamos dizer: ‘o que tem para nós? O que eu ganho?’”, declarou.

A Nova Rota da Seda, formalmente conhecida como Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), já mobilizou US$ 2 trilhões em contratos internacionais, envolvendo a construção de portos, rodovias e ferrovias. O Brasil, até o momento, é um dos poucos países da América Latina que ainda não aderiu ao projeto. Durante a visita de Lula a Pequim no início do ano, esperava-se que um acordo fosse firmado, mas a decisão foi adiada.

Dentro do governo, Rui Costa e Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, defendem que a adesão seja bem planejada e que proteja os interesses nacionais. Amorim ressalta que o acordo com a China não significa o Brasil abandonar outras parcerias globais. Ele argumenta que a entrada na Nova Rota da Seda pode inclusive ampliar as relações do Brasil com potências ocidentais, incentivando parcerias em setores estratégicos, como saúde, satélites e semicondutores.

Por outro lado, o setor industrial brasileiro expressa preocupação. Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, destacou a “preocupação gigantesca” da indústria nacional com um eventual acordo que amplie as desigualdades nas relações comerciais com a China. Para ele, é fundamental que o Brasil proteja sua produção interna e evite que a abertura para o mercado chinês afete negativamente a indústria nacional.

O governo, entretanto, segue com cautela, evitando anunciar decisões precipitadas antes de ter todos os detalhes do acordo devidamente ajustados. Xi Jinping chegará ao Brasil após o G20, e a expectativa é de que, até lá, o Brasil tenha consolidado sua estratégia para um possível anúncio oficial sobre a adesão à Nova Rota da Seda, sem comprometer sua economia e sua indústria.

O post Rui Costa lidera delegação na China para negociar adesão do Brasil à Nova Rota da Seda apareceu primeiro em Agência Brasil China.

Leia mais:

China (Mongólia Interior) e Brasil realizam com sucesso evento de promoção de investimentos e comércio

Nos 50 anos das relações diplomáticas entre China e Brasil, os dois países têm aprofundado cada vez mais sua cooperação, sob a liderança estratégica...

BYD bate recorde de vendas no Brasil e consolida liderança no mercado de veículos elétricos

A BYD encerrou 2024 com um desempenho impressionante no Brasil, quebrando seu próprio recorde de vendas mensais em dezembro ao comercializar 10.091 veículos, de...

China denuncia “ataques irresponsáveis” dos EUA após decisão do Panamá sobre a Nova Rota da Seda

O governo chinês criticou as recentes declarações dos Estados Unidos sobre o Canal do Panamá e comentou a decisão do país latino-americano de não...

Deepseek é a prova de que sanções não frearam a inovação chinesa

A recente conquista da empresa chinesa de inteligência artificial DeepSeek, com o lançamento do modelo DeepSeek-R1, demonstra que políticas de sanção e contenção tecnológica,...