Em 15 de agosto de 1974, estabeleceram-se as relações diplomáticas entre a República Popular da China e a República Federativa do Brasil, que nesta quinta-feira (15), comemoram 50 anos.
A primeira visita de um presidente brasileiro à China se deu 12 anos depois, em 1984, quando o general e presidente João Figueiredo (1979-1985) foi a Pequim. No mesmo ano, o conselheiro de Estado e chanceler chinês Wu Xueqian e o embaixador brasileiro Ítalo Zappa assinaram o Acordo para a Cooperação nos Usos Pacíficos da Energia Nuclear, também na capital chinesa.
Na comemoração dos 50 anos de relações amigáveis, o presidente chinês Xi Jinping disse nesta quinta-feira (15) que Pequim está pronta para trabalhar com o Brasil em um novo ponto de partida, buscando promover conjuntamente a construção de uma comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado.
“Ao longo do último meio século, desde o estabelecimento das relações diplomáticas, independentemente das mudanças no cenário internacional, a relação entre os dois países manteve um desenvolvimento estável, com influência global cada vez mais proeminente, abrangente e estratégica. Ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento e a revitalização de suas respectivas nações, a China e o Brasil também desempenham papéis significativos na contribuição para a paz, estabilidade e prosperidade mundiais”, afirmou o presidente, segundo a agência Xinhua.
Xi enfatizou que, durante a visita bem-sucedida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China no ano passado, os dois lados chegaram a um consenso significativo sobre pilotar e abrir um novo futuro para as relações China-Brasil na nova era.
O Palácio do Planalto também comentou a celebração ao publicar um artigo escrito por Lula e publicado no China Daily hoje (15).
O presidente cita diversos dados sobre o comércio bilateral entre Brasília e Pequim, destacando que “a China consolidou-se, desde 2009, como o nosso maior parceiro comercial […]. Em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 157 bilhões [R$ 857 bilhões], com um superávit brasileiro inédito de US$ 51 bilhões [R$ 278 bilhões]. Nossas exportações somaram US$ 104 bilhões [R$ 568 bilhões], superando o somatório das vendas para os Estados Unidos e a União Europeia.”
Lula também comenta no artigo outros momentos vividos entre os dois países e aponta que, pela intensidade da relação, “a China foi um dos primeiros países que visitei ao iniciar meu terceiro mandato. Naquela oportunidade, destaquei que queremos que a relação Brasil-China transcenda o comércio.”
“Para além da densa agenda bilateral, China e Brasil são parceiros de longa data no BRICS, no G20, nas Nações Unidas e em muitos outros fóruns internacionais. Trabalhamos juntos para promover a paz, a segurança e o desenvolvimento. Apoiamos uma reforma da governança global que a torne mais eficaz, justa e representativa dos interesses do Sul Global. A estreita coordenação entre nossos países em temas de interesse global seguirá contribuindo para uma ordem mundial multipolar, assentada sobre os valores do multilateralismo e do direito internacional. O comum apreço pelo diálogo nos permite promover soluções baseadas na diplomacia e na negociação, como demonstra nossa proposta conjunta para o conflito na Ucrânia“, afirmou o presidente brasileiro.
Por fim, o líder brasileiro diz que “sobre essas bases sólidas, China e Brasil estão pavimentando o caminho certo para elevar a Parceria Estratégica Global a um novo patamar, com forte componente de cooperação tecnológica e que será capaz de promover resultados verdadeiramente transformadores para nossas sociedades”.
Como disse o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre: “O Brasil é a China tropical“, relembrou a Folha de S.Paulo em um artigo sobre o tema. Hoje, a amizade China-Brasil chega a ter 50 anos, idade em que uma pessoa já sabe o seu mandato do céu, como dizem os chineses.
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