O competitivo mercado brasileiro de entrega de comida virou palco de uma disputa judicial entre duas gigantes chinesas da tecnologia. A Keeta, braço da Meituan, protocolou nesta quinta-feira (14) uma ação no Foro Central de São Paulo contra a 99Food, controlada pela DiDi Global, alegando que a rival está utilizando cláusulas contratuais “anticompetitivas” para restringir a entrada de novos players.
Segundo a Keeta, a 99Food vem exigindo que alguns restaurantes parceiros assinem contratos limitando sua atuação a, no máximo, duas plataformas de delivery. Para a Meituan, esse modelo de “estratégia comercial em camadas” é, na prática, um bloqueio direcionado à sua operação, sem justificativa econômica legítima, e que “fecha o mercado, sufoca a concorrência e reduz a inovação”.
O processo foi apresentado apenas dois dias depois de a 99 anunciar que investirá R$ 1 bilhão no segmento de entrega de comida no Brasil — metade destinada à capital paulista e cidades da Grande São Paulo. Já a Keeta anunciou, em maio, um plano ainda mais robusto: R$ 5,6 bilhões para expandir seus serviços no país.
A 99Food argumenta que suas práticas seguem o acordo firmado em 2023 entre o Cade e o iFood, que limita a 25% do valor bruto de mercadorias (GMV) o volume atrelado a restaurantes exclusivos na plataforma. Para a empresa, o uso de contratos com certo nível de exclusividade é “amplamente utilizado no setor” e necessário para proteger sua fatia de um mercado altamente concentrado.
A Keeta, no entanto, afirma que a 99Food já abordou mais de 100 redes de restaurantes no Brasil, oferecendo ao menos R$ 900 milhões em pagamentos antecipados para garantir contratos que, “na prática, banem a Keeta do mercado” — valor próximo ao próprio aporte anunciado pela DiDi para relançar sua operação de delivery.
No processo, a Meituan pede a suspensão imediata das cláusulas de exclusividade e a proibição de sua inclusão em novos contratos.
A disputa, além de mostrar a disputa ferrenha por participação no setor de delivery no Brasil, evidencia a crescente influência chinesa no mercado local. Tanto Meituan quanto DiDi não apenas trazem capital e tecnologia, mas também exportam para o Brasil um modelo de competição agressiva que já marcou o mercado asiático — agora adaptado a um cenário em que o iFood ainda é líder, mas enfrenta rivais com fôlego financeiro para disputar território prato a prato.
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