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CUT e federação sindical chinesa aproximam agendas sobre trabalho digital

Representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) receberam, em São Paulo, uma delegação da federação sindical chinesa para uma rodada de diálogo dedicada aos desafios trazidos pelas novas formas de trabalho. A pauta abrangeu desde a organização de trabalhadores de aplicativos e o teletrabalho até o impacto da automação e dos algoritmos nas relações laborais. O encontro buscou alinhar experiências e construir pontes de cooperação num momento em que cadeias de suprimento globais e a digitalização remodelam ocupações tradicionais.

Ao longo da reunião, as entidades compararam estratégias de representação e negociação coletiva em setores com forte presença de plataformas, logística, comércio eletrônico e serviços. Entraram na mesa temas como transparência algorítmica, remuneração por tempo efetivo de trabalho, saúde e segurança, jornada e desconexão, além de mecanismos para reconhecer vínculos e assegurar proteção previdenciária. A avaliação comum é que a fragmentação dos contratos e a intermediação tecnológica exigem novas táticas de sindicalização e de diálogo com empresas.

Outro eixo do encontro tratou da transição produtiva e da qualificação profissional. As delegações discutiram políticas de requalificação para ocupações impactadas pela automação, bem como padrões de “transição justa” em setores de energia, indústria e logística. Também houve troca de informações sobre a participação sindical em mesas tripartites, a integração de trabalhadores migrantes e o combate à informalidade, com atenção especial a mulheres e jovens em ocupações de alta rotatividade.

A cooperação internacional foi apontada como peça-chave para reduzir assimetrias informacionais nas cadeias globais. As centrais sinalizaram interesse em mapear fornecedores estratégicos, compartilhar boas práticas de negociação e acompanhar políticas de due diligence adotadas por grandes grupos econômicos. A perspectiva é que ações coordenadas ampliem a capacidade de resposta a mudanças repentinas de demanda e a reestruturações empresariais que afetam empregos em ambos os países.

Como encaminhamento, ficou a intenção de criar um calendário de atividades com seminários temáticos, intercâmbio de materiais formativos e observação mútua de processos de negociação. A expectativa é transformar a aproximação em resultados práticos: cláusulas mais modernas para o trabalho mediado por plataformas, protocolos de saúde e segurança adaptados ao teletrabalho e ferramentas para monitorar impactos tecnológicos sobre salários e condições laborais. Para as entidades, o diálogo Brasil–China pode acelerar soluções que unam inovação e direitos, dando mais previsibilidade às relações de trabalho na economia digital.

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