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China suspende importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, acendendo alerta para setor exportador

A China, maior destino da carne bovina brasileira, anunciou a suspensão temporária das importações de três frigoríficos do Brasil, medida que entra em vigor nesta segunda-feira (3). Além das unidades brasileiras, a decisão também afeta dois frigoríficos da Argentina, um do Uruguai e um da Mongólia, reforçando o rigor das autoridades chinesas na fiscalização sanitária de produtos agropecuários.

A decisão foi tomada após auditorias remotas conduzidas por autoridades sanitárias chinesas, que apontaram “não conformidades em relação aos requisitos chineses para o registro de estabelecimentos estrangeiros”, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Os frigoríficos afetados incluem a unidade da JBS em Mozarlândia (GO), a Frisa Frigorífico Rio Doce em Nanuque (MG) e a Bon-Mart Frigorífico em Presidente Prudente (SP).

Impacto e resposta do setor brasileiro

A Abiec afirmou, em nota oficial, que já está em diálogo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e com as autoridades chinesas para buscar uma solução rápida para a questão. As empresas afetadas foram notificadas e estão implementando ajustes para atender às exigências dos órgãos reguladores da China.

“O Brasil reafirma sua confiança na robustez do controle sanitário nacional, conduzido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, e segue trabalhando ativamente para solucionar os questionamentos apresentados com celeridade, garantindo a segurança e qualidade da carne bovina exportada”, destacou a associação.

O Ministério da Agricultura tem buscado intensificar a comunicação com as autoridades chinesas para garantir previsibilidade ao setor, especialmente diante do histórico de embargos temporários impostos por Pequim em casos de inconformidade sanitária. O Brasil já enfrentou restrições em exportações anteriores devido a detecções de casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida como “mal da vaca louca”, ainda que sem risco epidemiológico.

China como principal mercado e dependência das exportações brasileiras

A China é, de longe, o maior mercado consumidor da carne bovina brasileira, tendo representado 46% do total exportado em 2024, o que equivale a 1,3 milhão de toneladas e um faturamento de US$ 6 bilhões. Após a China, os principais mercados para o setor são os Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, União Europeia, Chile e Hong Kong.

A relação comercial entre Brasil e China no setor agropecuário tem se fortalecido ao longo dos anos, mas episódios de suspensão de importações geram preocupações sobre a dependência excessiva do mercado chinês. A recente suspensão levanta questionamentos sobre a necessidade de diversificação de destinos para a carne bovina brasileira e a importância de medidas preventivas para evitar novas restrições.

O rigor sanitário da China e o cenário global do comércio de carne

A China tem adotado padrões rigorosos de controle sanitário para importações agropecuárias, exigindo certificações detalhadas e realizando auditorias remotas frequentes. Esse nível de exigência faz parte da estratégia de Pequim para garantir a segurança alimentar de sua população e evitar riscos sanitários, especialmente diante do aumento da demanda por proteínas importadas.

A suspensão temporária de frigoríficos brasileiros também pode ser vista no contexto da concorrência global no mercado de carne bovina, no qual países como Argentina, Uruguai e Austrália tentam expandir sua participação no mercado chinês. O Brasil, líder nas exportações de carne bovina para a China, precisa manter estreita cooperação com as autoridades sanitárias chinesas para garantir previsibilidade e evitar impactos prolongados no setor.

Com a crescente demanda da China por carne de qualidade e a necessidade do Brasil de garantir fluxo contínuo de exportações, a expectativa é de que as tratativas entre os dois países avancem rapidamente para reverter a suspensão e reforçar a confiança no sistema sanitário brasileiro.

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