A China anunciou uma nova rodada de restrições à exportação de terras raras, grupo de 17 minerais essenciais para a produção de chips, veículos elétricos, equipamentos militares e tecnologia de ponta. A decisão, divulgada pelo Ministério do Comércio, reforça a estratégia de Pequim de proteger seus recursos estratégicos e consolidar o controle sobre uma cadeia de suprimentos considerada vital para a economia digital e a segurança nacional.
As novas regras ampliam o escopo de produtos sujeitos a licenças especiais, incluindo compostos refinados de neodímio, disprósio e térbio — elementos usados em motores de precisão, lasers e sistemas de comunicação militar. Empresas estrangeiras que desejem importar esses materiais deverão apresentar documentação detalhada sobre o uso final, destino e parceiros envolvidos, o que, na prática, limita o acesso de determinados países e setores.
Segundo analistas internacionais, a medida responde diretamente à intensificação das restrições impostas pelos Estados Unidos e aliados contra a indústria chinesa de semicondutores. Ao endurecer a regulação sobre insumos que o Ocidente depende quase exclusivamente da China — responsável por cerca de 70% da produção e 90% do refino global —, Pequim reafirma seu papel como ator central na cadeia tecnológica mundial.
Autoridades chinesas afirmam que o objetivo não é bloquear o comércio, mas “assegurar o uso racional e seguro dos recursos estratégicos nacionais”, além de garantir que exportações não sejam desviadas para “fins que comprometam a paz e a segurança internacional”. A decisão também está alinhada ao plano de transição ecológica e de fortalecimento da manufatura avançada, em que o país busca agregar valor à produção de alta tecnologia dentro de seu próprio território.
Para o Brasil, o movimento chinês acende um sinal de alerta e oportunidade. O país possui reservas expressivas de terras raras — especialmente em Minas Gerais e Goiás — e pode se beneficiar da crescente busca global por diversificação de fornecedores. Especialistas destacam, porém, que o desafio está em criar capacidade de refino e industrialização, já que hoje o Brasil exporta majoritariamente minerais brutos.
A nova política de exportação chinesa confirma uma tendência global de relocalização estratégica e soberania tecnológica, na qual o domínio sobre insumos críticos se torna fator decisivo de poder econômico e diplomático. Com o aperto nas exportações, a China deixa claro que continuará ditando o ritmo da indústria tecnológica mundial — agora, em seus próprios termos.
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