
As exportações de café do Brasil registraram uma mudança expressiva no cenário internacional em outubro, com a China assumindo pela primeira vez a sexta posição entre os maiores importadores do grão brasileiro. O dado, divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), confirma uma tendência de aproximação comercial entre os dois países e destaca o avanço do consumo de café no mercado chinês, que há anos vem ganhando força entre consumidores jovens e urbanos.
De acordo com o levantamento, a China comprou 211.782 sacas de 60 quilos no mês — um crescimento de 176,42% em relação a outubro de 2024. A demanda chinesa superou a de tradicionais compradores e consolidou o país como um mercado estratégico para o café brasileiro. O ranking do mês foi liderado por Alemanha, Itália e Estados Unidos, este último registrando queda significativa devido às tarifas impostas pelo governo norte-americano.
Embora o volume total exportado pelo Brasil em outubro — 4,14 milhões de sacas — tenha sido 20% menor que no mesmo período de 2024, a receita subiu 12,6%, atingindo US$ 1,65 milhão. No acumulado de janeiro a outubro, o país exportou 33,279 milhões de sacas, uma redução de 20,3% em comparação ao ano anterior. Ainda assim, a receita disparou 27,6% e chegou a US$ 12,7 milhões, impulsionada pelo aumento global dos preços do café.
Para Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, o comportamento do mercado reforça a resiliência do setor. Segundo ele, o crescimento da receita decorre “da alta dos preços internacionais”, que compensou a queda no volume exportado. O executivo também chamou atenção para os desafios no mercado americano, onde já circulam “blends sem café brasileiro” devido às barreiras tarifárias impostas.
Apesar das dificuldades, o Cecafé trabalha para reverter o cenário. Ferreira afirmou que o setor busca incluir o café brasileiro na seção 2 do decreto executivo norte-americano, que trata de modificações tarifárias, o que permitiria a entrada do produto com tarifa zero. A medida é vista como essencial para preservar a participação do Brasil no maior mercado consumidor do mundo.
O novo protagonismo da China, aliado à valorização internacional do grão, reforça o papel do café brasileiro como componente central do comércio global e amplia as expectativas de diversificação geográfica das exportações. Para o setor, o movimento indica que a próxima década poderá consolidar a Ásia como destino-chave para o produto que há mais de 150 anos molda a economia brasileira.
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