No momento em que China e União Europeia completam 50 anos de relações diplomáticas, o presidente Xi Jinping afirmou que o país está pronto para trabalhar lado a lado com os líderes europeus na ampliação da abertura mútua e na gestão construtiva de atritos e diferenças. A declaração foi divulgada nesta terça-feira (7) pela agência estatal Xinhua.
O gesto simbólico acontece em meio à crescente incerteza no comércio global, alimentada pelas políticas tarifárias dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. Embora Xi não tenha mencionado diretamente os EUA, o esforço chinês para estreitar os laços com a Europa é visto como uma tentativa de mitigar os impactos das tarifas impostas sobre produtos chineses exportados para o mercado americano.
“Relações saudáveis e estáveis entre a China e a UE não apenas promovem conquistas mútuas, mas também iluminam o mundo”, afirmou Xi, destacando o papel estratégico da parceria em um cenário internacional fragmentado.
Oposição ao bullying unilateral e valorização do multilateralismo
Em seu discurso, Xi Jinping também conclamou a União Europeia a, junto com a China, proteger os princípios de equidade e justiça no sistema internacional e a resistir ao “bullying unilateral” — um recado indireto, mas claro, à postura isolacionista dos EUA nos últimos anos.
Segundo ele, a relação entre China e Europa é hoje uma das mais influentes do mundo, com potencial para liderar agendas fundamentais como transição energética, digitalização e desenvolvimento sustentável.
Retomada de laços institucionais com o Parlamento Europeu
Além dos gestos diplomáticos, a China confirmou que aceitará visitas futuras de líderes europeus, incluindo António Costa, presidente do Conselho Europeu, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. A expectativa é que uma nova rodada de reuniões de cúpula aconteça ainda este ano.
Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, também anunciou a retomada plena dos intercâmbios com o Parlamento Europeu. A medida marca o fim de um impasse iniciado em 2021, quando a China sancionou membros do Parlamento e seu subcomitê de direitos humanos, em resposta a acusações relacionadas à situação dos uigures em Xinjiang.
Na semana passada, a União Europeia indicou que Pequim suspenderia oficialmente essas sanções, permitindo a reabertura do diálogo institucional entre os dois lados.
Ano marcado por novos diálogos estratégicos
Segundo Lin Jian, estão previstos ao longo de 2024 diversos diálogos de alto nível entre China e UE nas áreas de estratégia, economia, comércio, desenvolvimento verde e digitalização.
“Nas circunstâncias atuais, ambos os lados acreditam que é muito importante para a China e a Europa fortalecer o diálogo e a cooperação”, afirmou o porta-voz.
Com o avanço dessas iniciativas, Pequim sinaliza que deseja ocupar um papel central na reconfiguração das alianças globais, apostando na diplomacia, no comércio equilibrado e no multilateralismo como antídotos às turbulências geopolíticas que marcam o cenário internacional.
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