A China acaba de reforçar sua presença no setor de energia limpa brasileiro. A Envision Energy, braço de soluções renováveis do conglomerado chinês Envision Group, firmou parceria estratégica com a Fotowatio Renewable Ventures (FRV), empresa global de energias renováveis, para avançar na implantação de um ambicioso projeto de produção de amônia verde no estado do Ceará.
Batizado de H2 Cumbuco, o projeto está sendo desenvolvido no litoral cearense e prevê a construção de uma usina de hidrogênio verde com capacidade de eletrólise de até 500 megawatts, além de estruturas para a conversão do gás em amônia verde — um vetor energético cada vez mais valorizado no processo global de descarbonização. A produção será destinada tanto ao mercado interno quanto à exportação para Europa e Ásia, com operação prevista para 2030.
A aposta da Envision no Brasil não é isolada. A empresa já opera na China a primeira base mundial de produção de hidrogênio e amônia verde totalmente off-grid, abastecida por fontes renováveis e controlada por sistemas de inteligência artificial. A tecnologia de IA será um dos pilares também do projeto cearense, coordenando de forma integrada as operações de geração solar e eólica, eletrólise e síntese de amônia.
Segundo Peng Wei, vice-presidente sênior da Envision Energy e presidente para América Latina e Europa, essa parceria representa mais do que um investimento: “É um modelo replicável de transição energética global. O Brasil tem todas as condições naturais e políticas para se tornar um protagonista na nova economia verde mundial”, destacou o executivo.
Do lado brasileiro, a FRV — controlada pela Jameel Energy — já havia iniciado os trâmites do H2 Cumbuco desde 2023. Com licenciamento ambiental em curso, áreas de instalação definidas e recursos hídricos assegurados, o projeto vem se consolidando como uma das iniciativas mais avançadas na corrida pelo hidrogênio verde na América Latina.
O Brasil, que sediará a COP30 em Belém, em 2025, tem intensificado sua política de incentivo à economia de baixo carbono. Estados como o Ceará, com acesso portuário estratégico e alta incidência solar e eólica, vêm se posicionando como hubs de exportação de energias limpas — especialmente em direção à Europa, onde a demanda por combustíveis sustentáveis cresce com as metas de neutralidade de carbono.
Nesse contexto, a parceria entre uma gigante chinesa da inovação verde e uma das líderes globais em energia sustentável coloca o Brasil na rota de investimentos internacionais em transição energética. Mais do que uma planta industrial, o H2 Cumbuco simboliza um esforço conjunto entre América Latina e Ásia por soluções energéticas que combinem tecnologia de ponta, baixo impacto ambiental e integração econômica.
Além de contribuir para a matriz energética brasileira, o projeto pode impulsionar o desenvolvimento regional, com a criação de empregos qualificados e infraestrutura no entorno da usina. E, principalmente, marca um novo capítulo da cooperação sino-brasileira, desta vez com foco não apenas comercial, mas ambiental e tecnológico.
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