A China está intensificando sua presença no setor automotivo brasileiro — e a Geely é o novo (ou melhor, conhecido) nome que volta ao jogo. Após uma primeira tentativa tímida no Brasil em 2014, a montadora chinesa retorna ao país com um plano agressivo de expansão, amparada por ninguém menos que a Renault.
O primeiro passo já foi dado: as primeiras unidades do EX5, um SUV elétrico de grande porte, desembarcaram no Porto de Paranaguá (PR) e devem chegar às concessionárias da Renault em todo o Brasil nas próximas semanas. A novidade marca oficialmente o relançamento da marca no país e acende um alerta para as concorrentes — em especial para a BYD, atual líder entre os elétricos chineses no Brasil.
Geely e Renault: uma aliança estratégica
O retorno da Geely ao Brasil acontece dentro de um novo contexto. Em fevereiro deste ano, o grupo chinês firmou uma parceria com a Renault para utilizar a estrutura da montadora francesa como base de operação no Brasil. Isso inclui a distribuição dos veículos e, no futuro, a fabricação nacional dos modelos da Geely.
O plano é ambicioso: até julho, a marca pretende contar com 23 concessionárias espalhadas pelo país. E a meta para 2026 é ainda mais ousada — 105 pontos de venda e atendimento. A expectativa é que o respaldo da Renault ajude a superar os obstáculos enfrentados na tentativa anterior e posicione a Geely como uma das principais forças no competitivo mercado de elétricos brasileiro.
EX5: autonomia e tecnologia para competir com os melhores
O SUV EX5 chega com a missão de disputar espaço diretamente com o Yuan Plus, da BYD, e promete entregar desempenho e conforto à altura. O modelo possui bateria de 60,2 kWh, com autonomia estimada em até 530 km — segundo o padrão chinês, que costuma ser mais otimista que o brasileiro. O motor elétrico oferece 217 cavalos de potência e 32,6 kgf/m de torque, o que garante um desempenho respeitável para um carro do porte.
O interior do EX5 segue o padrão dos SUVs premium chineses que vêm ganhando espaço no Brasil: painel digital, central multimídia com tela de 15,4 polegadas, console elevado com botões físicos e acabamento refinado. Recursos como controle de cruzeiro adaptativo (ACC), frenagem autônoma, assistente de permanência em faixa e comando por voz também estão previstos na versão que será vendida no Brasil.
O preço ainda não foi revelado oficialmente, mas a expectativa é que o EX5 custe menos que o Yuan Plus, vendido atualmente por cerca de R$ 190 mil. Isso reforça a estratégia da Geely de entrar no mercado oferecendo bom custo-benefício sem abrir mão da tecnologia.
Geely: um gigante global que aposta na eletrificação
Para quem acompanha a indústria automotiva global, a Geely não é novata. O grupo chinês é dono de marcas renomadas como Volvo, Lotus, Zeekr e Link & Co. Nos últimos anos, tem se consolidado como uma das potências da mobilidade elétrica mundial, com forte atuação na Europa e na Ásia.
A chegada ao Brasil faz parte de um movimento mais amplo da Geely de ampliar sua atuação na América Latina — um mercado estratégico não apenas pelo tamanho, mas também pelo avanço da eletrificação e pelas parcerias bilaterais que se intensificam entre China e países da região, como o Brasil.
Brasil e China: um diálogo que também passa pelas estradas
A presença crescente de fabricantes chineses no setor automotivo brasileiro reflete uma aproximação mais ampla entre os dois países, especialmente em áreas como tecnologia, infraestrutura e energia. A chegada da Geely, somada ao crescimento da BYD, mostra como o Brasil se tornou um mercado-chave para a indústria automotiva da China.
Mais do que uma disputa comercial, trata-se de um novo capítulo no intercâmbio entre Brasil e China — agora sobre quatro rodas, em silêncio, e movido a bateria.
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