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Exportadores brasileiros suspendem vendas de pescados aos EUA e reforçam busca por mercados alternativos como a China

Diante da iminente entrada em vigor das tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros, incluindo pescados, o setor aquícola nacional decidiu suspender temporariamente as exportações para o mercado norte-americano. A informação foi confirmada por representantes da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) nesta terça-feira (16), após reunião com autoridades do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Segundo dados da Peixe BR, as vendas de pescado do Brasil aos EUA representam cerca de 8% da receita do setor, com destaque para tilápia e tambaqui. Com o aumento tarifário previsto para 1º de agosto, o custo de manter esses embarques se tornaria inviável, levando as empresas a congelarem negociações e redirecionarem esforços para outros mercados.

“É um movimento de proteção. Não tem como competir com uma tarifa dessas. Precisamos buscar alternativas, e a China é hoje o principal destino potencial para compensar essa perda”, afirmou Jorge Seif Júnior, presidente da Peixe BR.

China e Ásia ganham protagonismo

A escolha da China como destino prioritário não é por acaso. Em relatório divulgado nesta semana pela Administração Geral das Alfândegas da China, o comércio exterior chinês cresceu 2,9% no primeiro semestre de 2025, com as importações de produtos alimentícios, incluindo pescados, mostrando tendência de alta. A abertura para proteínas alternativas é uma política alinhada com as diretrizes do governo chinês para diversificação alimentar e segurança alimentar.

“Existe espaço para ampliar as exportações brasileiras não só de tilápia, mas também de peixes nativos amazônicos, que têm ganhado mercado nos supermercados chineses”, avaliou Daniela Castro, especialista em comércio exterior da Agência Brasil China.

Além da China, mercados como Emirados Árabes, África do Sul e Índia — todos integrantes ou associados ao BRICS+ — são vistos como alternativas em expansão para o setor pesqueiro brasileiro.

Pressão por ação diplomática

Paralelamente à estratégia comercial, representantes do setor cobram do governo brasileiro uma postura mais firme nas negociações diplomáticas com Washington. O setor solicita que o Itamaraty pressione pelo adiamento da aplicação das tarifas, ou ao menos pela regionalização da medida, para que não atinja todo o território brasileiro de forma indiscriminada.

Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que está em “diálogo constante com os parceiros norte-americanos”, mas reconheceu que a situação é sensível devido ao contexto político nos EUA. “Estamos buscando alternativas junto a outros mercados, especialmente na Ásia, para minimizar os impactos econômicos no setor aquícola e na balança comercial brasileira”, diz o comunicado oficial.

Impacto no PIB e balanço comercial

Segundo projeções da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o tarifaço norte-americano pode reduzir em até 0,2 ponto percentual o PIB brasileiro no segundo semestre de 2025, caso medidas compensatórias não sejam implementadas. O segmento de pescados, apesar de representar uma fatia menor da balança comercial, é visto como estratégico por sua capacidade de geração de empregos e pela diversificação regional da economia, especialmente no Norte e Centro-Oeste.

Perspectivas

Enquanto o Brasil enfrenta um cenário externo mais desafiador, especialistas defendem que o país aproveite a oportunidade para fortalecer a cooperação dentro do BRICS+, ampliando acordos sanitários e fitossanitários com a China e outros países asiáticos.

“Essa crise é também um sinal de que o Brasil precisa acelerar a diversificação de seus mercados e não ficar dependente de um único parceiro comercial. A parceria com a China e o BRICS é um caminho natural para isso”, conclui Daniela Castro.

A equipe da Agência Brasil China continuará acompanhando os desdobramentos dessa pauta, trazendo atualizações em português e chinês para seus leitores.

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