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Brasil-China: estreia de São Paulo em expo de Hainan destaca sinergia econômica em meio a ventos comerciais em mudança

Antes do amanhecer no Porto de Rio Grande, no Brasil, refletores iluminam as esteiras transportadoras carregadas com dourados grãos de soja, que despejam sua carga nos porões de navios graneleiros com destino à China. Quarenta e nove dias depois, esses carregamentos chegarão ao Porto de Qinhuangdao, na Província de Hebei, no norte da China, onde serão transformados em ração animal para fazendas de criação ou engarrafados como óleo de cozinha para seus 1,4 bilhão de consumidores.

Em meio à contínua imposição de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos chineses, o cenário do comércio global passa por uma profunda reestruturação. Desde 2018, a China vem reduzindo gradualmente sua dependência da soja americana e migrando para o mercado brasileiro.Play Video

Nos dez primeiros meses de 2024, a China respondeu por mais de 70% das exportações brasileiras de soja e minério de ferro. Segundo reportagem da Reuters, importadores chineses fecharam na semana passada a compra de pelo menos 40 carregamentos de soja do Brasil. Com base em uma capacidade média de 60 mil toneladas por navio, essa onda de compras ultrapassa 2,4 milhões de toneladas métricas — quase um terço da média mensal de importações da China. Fontes indicam que essas cargas de soja chegarão entre maio e julho, consolidando o Brasil como o maior fornecedor de soja para a China, à frente dos EUA.

A soja brasileira tem uma vantagem natural de preço, custando aproximadamente 30 dólares a menos por tonelada em comparação à soja cultivada nos EUA, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Desde 2019, a COFCO International, gigante chinesa do agronegócio, tem feito parcerias com fazendas brasileiras para implementar monitoramento de terras, mapeamento de riscos e um sistema de rastreabilidade de soja baseado em blockchain — garantindo uma origem sustentável.

Essa mudança está alinhada com tendências globais irreversíveis: consumo sustentável, agricultura de alta eficiência e transformação verde das cadeias de suprimento. A certificação de “desmatamento zero” da soja brasileira não apenas atende à crescente demanda por produtos com origem ética, como também reforça o compromisso da China com um comércio ambientalmente responsável.

O Brasil tem sido, há muito tempo, o principal parceiro comercial da China na América Latina. Segundo dados de novembro de 2024 da Administração Geral das Alfândegas da China, o comércio bilateral entre os dois países chegou a 1,14 trilhão de yuans (157 bilhões de dólares) nos dez primeiros meses do ano — um aumento de 9,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

(Foto: Zhang Yuying/ CGTN)

À medida que a cooperação econômica e comercial entre os dois países se aprofunda, cresce o número de produtos brasileiros competitivos que entram no mercado chinês. Essa aproximação foi evidenciada ainda mais pela estreia de São Paulo na Exposição Internacional de Produtos de Consumo da China nesta semana. A delegação do estado, liderada pela Invest SP (Agência Paulista de Promoção de Investimentos), apresentou uma ampla gama de produtos agrícolas premium, incluindo cafés especiais e chocolates.

Inty Mendoza, representante-chefe da Invest SP, afirmou considerar essa feira uma plataforma muito importante para apresentar os produtos brasileiros e levá-los ao mercado chinês. “Brasil e China têm uma longa história de parceria em termos de comércio e investimento. Sempre foi uma relação ganha-ganha”, disse. Ele ressaltou que esse momento, como um todo, pode representar uma oportunidade para que China e Brasil busquem novas possibilidades.

A China mantém seu firme compromisso com o multilateralismo e a globalização econômica. Diante da ascensão do protecionismo no mundo, o país está disposto a trabalhar com outras nações para promover conjuntamente o livre comércio, avançar na liberalização e facilitação do comércio e do investimento global, fomentar um ambiente econômico e comercial internacional amigável, e alcançar benefícios mútuos e resultados vantajosos para todos.

China e Brasil são exemplo de como economias do Sul Global podem prosperar, sustentadas por um sistema de comércio multilateral. A parceria ressalta o potencial da prosperidade compartilhada quando as nações adotam uma cooperação aberta e baseada em regras, mesmo em uma economia global fragmentada.

Da segurança alimentar e energia limpa até tecnologias de ponta como 5G e manufatura inteligente, a parceria está moldando um novo modelo de colaboração Sul-Sul para esta nova era. Para a China, ela fortalece a resiliência dentro da estratégia de “dupla circulação”; para o Brasil, é uma chance histórica de subir na cadeia de valor global.

Com o marco da estreia de São Paulo na Expo de Hainan, um novo capítulo na sinergia Sul-Sul se inicia.

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