São Paulo — Investidores brasileiros e estrangeiros já podem, a partir desta semana, investir diretamente no desempenho das 50 maiores empresas da Bolsa de Shanghai por meio da B3. Foi oficialmente listado nesta terça-feira (16) o fundo de índice (ETF) que replica o China A50, lançado pela gestora brasileira Itaú Asset Management em parceria com a Bolsa de Valores de Shanghai (SSE).
A novidade representa mais um passo concreto na cooperação financeira entre Brasil e China, com foco na conectividade dos mercados de capitais. É o segundo ETF listado sob o programa de interligação entre a B3 e a SSE, iniciado em maio deste ano. O anúncio foi feito oficialmente pela SSE e reforça a coordenação entre os dois países no âmbito da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN).
“O programa de ETFs interligados cria uma ponte financeira prática e acessível para que investidores das Américas — incluindo Brasil — possam participar de forma eficiente no crescimento econômico chinês”, destacou a SSE em nota.
Para que serve o novo ETF?
Na prática, o produto funciona como qualquer ETF tradicional: trata-se de um fundo negociado em bolsa que replica o comportamento de um índice. No caso, o China A50 inclui as 50 maiores ações listadas na Bolsa de Shanghai, abrangendo gigantes do setor financeiro, industrial, tecnologia, energia e consumo. Entre os destaques do índice estão empresas como China Merchants Bank, Ping An Insurance e PetroChina.
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil China, o novo ETF facilita o acesso do investidor brasileiro a ativos chineses, sem a necessidade de abrir conta em corretoras internacionais ou lidar com conversões cambiais e barreiras regulatórias.
“É um movimento que democratiza o acesso a ativos globais, reduz custos e amplia opções para diversificação de carteiras aqui no Brasil”, afirma Guilherme Pinto, gestor de investimentos da área de renda variável internacional em São Paulo.
COSBAN e integração financeira Brasil-China
O lançamento do ETF foi um dos desdobramentos práticos acordados durante a 7ª reunião da COSBAN, realizada no início deste ano. Entre os temas prioritários, as duas partes incluíram a ampliação da conectividade financeira, estímulo ao comércio bilateral em moedas locais (yuan e real) e facilitação de investimentos diretos e em bolsa.
Além dos ETFs, os dois países já estudam mecanismos semelhantes para fundos temáticos, produtos de crédito e outros instrumentos financeiros, com apoio da Comissão Reguladora de Valores da China (CSRC) e da Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM).
“Essa integração dos mercados de capitais é um pilar complementar às relações comerciais e industriais entre Brasil e China, que já são muito robustas. Agora, investidores e empresas também podem aproveitar melhor esse fluxo financeiro bilateral”, comenta Renato Tavares, economista da FGV.
Sinalização para o investidor internacional
O movimento também é visto como mais uma sinalização da abertura gradual do mercado financeiro chinês a investidores estrangeiros. Nos últimos anos, Pequim vem adotando medidas para flexibilizar o acesso de capital internacional ao seu mercado de ações, principalmente via produtos como ETFs, títulos públicos e quotas para instituições estrangeiras.
Para o Brasil, a presença de produtos como o China A50 na B3 representa não só uma alternativa de investimento, mas também um reforço à relevância estratégica do país como hub latino-americano de acesso ao mercado financeiro chinês.
O Itaú Asset Management e a B3 ainda não divulgaram dados iniciais de volume de negociação do novo ETF, mas a expectativa é de crescimento gradual, especialmente entre fundos institucionais e investidores qualificados que buscam exposição à Ásia.
A Agência Brasil China seguirá acompanhando os desdobramentos e outras novidades no setor financeiro sino-brasileiro, trazendo análises e atualizações em português e chinês simplificado.
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