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Secretária de Relações Internacionais de São Paulo destaca avanços da missão à China e celebra força cultural da flor de Heze

Em entrevista à Agência Brasil China, a secretária municipal de Relações Internacionais de São Paulo, Angela Gandra, apresentou os principais resultados de sua missão oficial à China, realizada em outubro. A viagem incluiu encontros com autoridades em Beijing e participação na reunião da CGLU, em Xi’an, com foco em sustentabilidade, mobilidade verde, segurança urbana e intercâmbios educacionais. Segundo a secretária, a visita permitiu aprofundar diálogos sobre temas como a eletrificação da frota municipal, o uso de biometano, o financiamento pelo Banco da China e a adaptação de modelos de gestão às normas brasileiras de proteção de dados.

Foto de Rafael Honorato

Gandra destacou que, em 2025, São Paulo pretende reativar os irmanamentos com as 11 cidades chinesas parceiras, fortalecendo áreas-chave como agricultura urbana, transporte, inovação e educação. Ela também mencionou a ampliação do ensino de mandarim nas escolas públicas e a formalização de um novo acordo de cooperação técnica que viabilizará intercâmbios internacionais para professores da rede municipal. Para a secretária, essas iniciativas contribuem para a construção de uma compreensão mútua e promovem uma aproximação duradoura entre as populações.

Durante a entrevista, Angela Gandra também abordou a simbologia da flor de Heze — a tradicional peônia chinesa — reconhecendo seu papel como um importante elemento de soft power cultural. Ela ressaltou o valor dos símbolos na construção de relações internacionais mais humanas, “baseadas no respeito, na escuta e na sensibilidade cultural”. A secretária enfatizou que a paradiplomacia das cidades tem um potencial único para promover vínculos diretos entre povos e culturas. “Queremos relações suaves, que aproximem culturas e ampliem a liberdade e o entendimento entre as nações”, afirmou.

Foto de Rafael Honorato

Quais foram os principais objetivos dessa viagem à Ásia e os principais resultados?

O intuito da nossa viagem foi principalmente representar São Paulo e o prefeito, já com uma representante da nossa cidade. Então, nós tivemos com o governo local, foi muito interessante, principalmente nesse aspecto da sustentabilidade. Nossa secretaria é uma secretaria meio, mas ela tem um fim só, que é a sustentabilidade, porque é uma pauta totalmente internacionalizada, e no ano de COP 30, mais ainda.

São Paulo mantém laços de irmandade com cidades como Pequim, Ningbo, Huaibei e, mais recentemente, Jinhua. Que novos caminhos esses vínculos podem abrir, especialmente em áreas como inovação, governança urbana e desenvolvimento sustentável?

Nós temos 11 cidades irmãs na China. Nesse primeiro ano, queremos ressuscitar irmanamentos que precisam estar mais vivos, pois não adianta termos isso no papel. Um deles tem como causa da agricultura urbana.

Foto de Rafael Honorato

A China tem avançado em soluções de energia limpa e mobilidade elétrica. Há perspectivas concretas de cooperação técnica ou investimentos nessa área voltados à capital paulista?

A agricultura urbana é uma coisa que nos interessa muito. Agora foram também vários secretários da parte de transporte, como o próprio secretário da pasta e o de mudanças climáticas para ver o que podemos fazer que seja sempre um ganha-ganha para todos.

O que São Paulo levou para compartilhar com as cidades visitadas em termos de politicas públicas, cultura e soluções urbanas?

São Paulo apresentou contribuições em três frentes principais:

  • Politicas publicas e governança urbana
    Experiencias da cidade em habitação como direito fundamental (housing, Programa Mananciais). Avanços em politicas de inclusão e proteção social (Vila Reencontro). Iniciativas municipais para fortalecer servicos essenciais, como saúde e segurança alimentar.
  • Meio ambiente e sustentabilidade
    Projetos em mobilidade sustentável e transição energética. Preparação para a COP30 com foco em justiça climática e
    participação social.
  • Cultura e identidade
    O papel de São Paulo como maior hub latino-americano e como cidade multicultural e inovadora.
    Interesse da cidade em ampliar intercâmbios acadêmicos, culturais e turísticos com a China.

A senhora mencionou a importância da formação intercultural. Há planos para estimular o ensino de mandarim ou o intercâmbio acadêmico com universidades chinesas, como parte da diplomacia educacional de São Paulo?

Esse ano, a Secretaria de Educação Internacional, por primeira vez, vai começar a promover, junto com a Secretaria de Educação, assinamos um acordo de cooperação técnica para dar para professores da rede pública intercâmbios. Porque os que são os melhores ganham uma viagem para o exterior, junto com esses acordos que nós vamos firmar agora com os consulados. E a China tem muito interesse também. Até o governo, em Beijing, tem vindo mais pessoas para cá, mas nós também precisamos ir para lá.

Então, nós queremos promover, para o ano que vem, se Deus quiser, essas viagens. E o mandarim já está sendo fortalecido nas escolas, é uma língua que as crianças querem, e nós temos 110 nacionalidades nas escolas públicas e muitos chineses também. Então, a gente quer proporcionar a conscientização cultural, para que se apresente o país, há um desejo de que todos os povos conheçam também as comunidades que escolheram a nossa cidade como seu próprio lar, existe essa interação em relação à língua e agora queremos a interação acadêmica, porque um professor é um multiplicador.

Foto de Rafael Honorato

Há planos para consolidar uma rede de cooperação asiática com China, Japão e Coreia do Sul?

São Paulo mantém uma relação muito próxima com países asiáticos e está sempre aberta à troca de conhecimento e inovação, especialmente quando essas experiências podem se traduzir em políticas públicas. O Japão e a Coreia do Sul têm sido parceiros extremamente relevantes, capazes de reduzir ou até solucionar desafios urbanos enfrentados pela Prefeitura. A Coreia do Sul, por exemplo, por meio de seu Consulado, desenvolve conosco uma parceria estreita, inclusive com iniciativas como a oferta de ensino de língua coreana em escolas municipais. Não descartamos a possibilidade de articular um modelo de cooperação trilateral envolvendo China, Japão e Coreia do Sul.

Que novos caminhos os vínculos de irmandade com cidades chinesas podem abrir, especialmente em inovação, governança urbana desenvolvimento sustentável?

São Paulo, como a maior metrópole da Amárica Latina, reconhece o papel estratégico das cidades chinesas no cenário global e busca aprofundar esses laços. As relações de irmandade com as cidades chinesas abrem novas oportunidades para cooperações concretas em inovação tecnológica, transição energética e no fortalecimento do papel da cidade como articuladora de politicas de Desenvolvimento Urbano Sustentável.

No campo do desenvolvimento sustentável, os vínculos permitem compartilhar experiências de planejamento urbano, resiliência climática gestão de territórios de alta densidade, temas centrais tanto para megacidades asiáticas quanto para São Paulo. Ao fortalecer esses canais de cooperação, a cidade cria um ambiente permanente de aprendizado mutuo e de adaptação de praticas bem-sucedidas, ampliando sua capacidade de responder de forma inovadora e sustentável aos desafios urbanos contemporâneos.

Quais aspectos mais chamaram a atenção na questão da cultura, ela é permeada por muitos símbolos, principalmente quanto a peônia?

Estou sabendo mais agora também com a tua própria explicação. Eu não sabia que esse símbolo, a peônia, era visto também como soft power. Sou muito a favor do soft power e a favor da paradiplomacia, ou seja, as cidades hoje têm um mundo diplomático muito mais forte do que os próprios estados, porque tem a sua burocracia, as suas complicações, e na cidade. A gente vai chegar ao coração de cada pessoa e ao mundo, ao mesmo tempo. Acho muito bonita a flor, que inspira beleza, a beleza vem com a união, vem com a paz, e nós queremos isso e queremos que seja o soft power, ele traz uma relação soft também, de respeito, de escuta, de compreensão da cultura.

Foto de Rafael Honorato

Como a Prefeitura pretende dar continuidade as iniciativas discutidas na China?

As iniciativas discutidas durante a missão ocorreram em duas frentes complementares: no nível bilateral, por meio das agendas realizadas em Pequim; e no nível multilateral, pela participação ativa no Congresso Mundial da CGLU.

  • Diplomacia das cidades
    Nossa intenção é construir uma agenda bilateral estruturada com Pequim, abrangendo temas como mobilidade limpa, inovação urbana. intercâmbio cultural e oportunidades de formação profissional
  • Cooperação técnica e institucional
    Dar seguimento as conversas iniciadas com empresas, instituições e agencias chinesas, explorando possibilidades de colaboração e troca de soluções aplicáveis ao contexto paulistano.
  • Participação em redes internacionais
    Ampliar o engajamento de São Paulo na CGLU e em outras redes globais, por meio da participação em grupos de trabalho, projetos conjuntos e iniciativas estratégicas de governança urbana.

    Por fim, a SMRI, na condição de secretaria-meio, poderá articular-se com outras secretarias municipais para assegurar que as oportunidades identificadas se desdobrem em entregas concretas.

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