O governo brasileiro anunciou nesta semana um novo passo na ampliação das exportações de produtos de origem animal para a China. Pela primeira vez, estabelecimentos nacionais foram habilitados a vender farinhas de proteína animal — especificamente de aves e suínos — para o mercado chinês. A decisão é vista como um avanço relevante na diversificação do portfólio exportador do Brasil e na consolidação da confiança sanitária entre os dois países.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a autorização foi concedida após auditorias técnicas e tratativas diplomáticas que envolveram órgãos de inspeção sanitária de ambas as nações. A medida foi possível graças ao acordo firmado entre os dois governos em abril deste ano, durante a visita do ministro Carlos Fávaro à China. Desde então, equipes técnicas trabalharam na definição de protocolos sanitários e na avaliação dos estabelecimentos brasileiros.
As farinhas de carne e ossos de aves e suínos, tradicionalmente utilizadas na fabricação de ração animal, são derivadas do processamento de resíduos da indústria frigorífica. A exportação desses subprodutos representa não apenas uma fonte adicional de receita para o setor agroindustrial brasileiro, mas também uma estratégia para reduzir desperdícios e agregar valor a cadeias produtivas já consolidadas.
China como destino prioritário
A China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil no agronegócio. Em 2023, o gigante asiático respondeu por mais de um terço de todas as exportações brasileiras do setor, com destaque para soja, carne bovina, frango e celulose. A entrada das farinhas de proteína animal nessa lista amplia as possibilidades de comércio e reforça a interdependência entre os dois países em áreas-chave como segurança alimentar, sustentabilidade e logística global.
“Essa habilitação mostra o reconhecimento da excelência do sistema sanitário brasileiro. É uma vitória para todo o setor de proteína animal, que agora pode explorar novos nichos dentro do exigente mercado chinês”, afirmou o ministro Fávaro, destacando o papel da diplomacia técnica e da articulação entre ministérios e empresas privadas.
Reflexos para o setor e expectativas futuras
Com a autorização em vigor, a expectativa é que o número de plantas habilitadas cresça nos próximos meses, conforme mais estabelecimentos passem por auditoria e se adequem às exigências chinesas. A China tem demonstrado interesse crescente em garantir fontes seguras e sustentáveis de insumos para alimentação animal, especialmente diante dos desafios impostos por surtos sanitários e instabilidades geopolíticas.
Para o Brasil, essa nova etapa representa um sinal positivo em um momento em que o país busca reposicionar sua imagem internacional como fornecedor confiável e competitivo de alimentos. A confiança da China nesse tipo de produto — que exige elevado controle sanitário — pode também abrir portas para novos acordos em outras frentes do agronegócio.
A sinergia entre as duas nações, portanto, se fortalece não apenas pelo volume das transações, mas também pela sofisticação dos produtos e pela capacidade de atender a padrões rigorosos de qualidade. Em um cenário global de incertezas comerciais, a cooperação Brasil-China no setor agroalimentar segue como exemplo de pragmatismo e benefício mútuo.
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